A raiz do conflito remonta à Guerra Fria e ao cerco geopolítico que Moscou acredita sofrer desde a queda da URSS
O conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de uma década, não pode ser compreendido apenas pelos eventos recentes. Ele está enraizado em décadas de tensão acumulada desde o fim da União Soviética. Uma das principais causas da ofensiva russa é a percepção de que a expansão da OTAN representa uma ameaça direta à sua soberania e segurança nacional.
Com o colapso da União Soviética em 1991, a Rússia perdeu grande parte de sua influência no Leste Europeu. Antigos aliados e repúblicas soviéticas tornaram-se independentes e, em muitos casos, buscaram aproximação com o Ocidente. Esse período foi marcado por um sentimento de humilhação nacional, que influenciou profundamente a política externa russa nas décadas seguintes.
Desde a década de 1990, diversos países do antigo bloco soviético ingressaram na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), incluindo Polônia, Hungria, República Tcheca, Estônia, Letônia e Lituânia. A Rússia vê esse movimento como uma violação de promessas feitas pelo Ocidente, ainda na época da reunificação alemã, de que a OTAN não se expandiria para além da Alemanha Oriental.
A Ucrânia ocupa posição estratégica entre a Rússia e o Ocidente. Para Moscou, a adesão ucraniana à OTAN representa a instalação de uma aliança militar hostil às suas portas. Por isso, desde a Revolução Laranja (2004) até o Euromaidan (2014), a Rússia tem agido de forma direta e indireta para impedir esse alinhamento.
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Os Estados Unidos sempre defenderam o direito soberano dos países europeus de escolher suas alianças, incluindo a OTAN. Já a União Europeia tem promovido uma integração econômica e política que, para Moscou, configura mais uma forma de afastar a Ucrânia de sua esfera de influência. Esse impasse se agravou com as sanções ocidentais e o apoio militar à Ucrânia.
A atual guerra não é apenas territorial, mas simbólica. Representa o embate entre dois modelos de poder global: o eixo liberal-democrático ocidental e a visão russa de soberania nacional baseada em sua história imperial. Entender esse pano de fundo é essencial para compreender por que o conflito ainda parece distante de uma solução duradoura.
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